23 de dez. de 2010

ARTE VESTÍVEL


A Arte Vestível foi um movimento que iniciou nos anos 60, época de grande efervescia cultural. Foi nesse período que emergiu a Wearable Art – ou Arte Vestível como uma forma de contestar à produção em massa da Indústria da moda. Os artistas da época criaram uma proposta irreverente e ousada junto à confecção artesanal de roupas. Os figurinos tinham por premissa valorizar a individualidade das pessoas, estabelecendo uma coerência que unia criação, traje e expressão do corpo.

Para tanto os artistas utilizavam muitas técnicas que se diversificavam entre a pintura, colagem, crochê, tricô, bordado, entre outros. Além disso, a Arte Vestível conta com uma gama de possibilidades quando o assunto é material para a confecção dos looks. Nesse sentido, o vestuário pode ser produzido com fibras naturais a silicone e vinil, resultando na criação de um figurino atemporal, que forma um mix de arte, artesanato e técnica, além da associação entre passado e vanguarda. Outra forte característica desse conceito é a criação livre, e também autobiográfica, onde os looks têm o corpo como base para imaginar uma arte vestível.

Engajado nessa filosofia em que as formas do corpo regem a criação, os artistas iniciaram uma produção figurinos longe dos padrões estéticos pré-concebidos, porque visava adequar à personalidade de cada corpo junto ao look. Para mostrar ao público americano essa nova realidade cultural, a museóloga Julie Schafer inaugurou em Nova York na Madison Avenue, nº 762 a galeria Artisans’ Gallery. Esse espaço tornou-se uma referência na Arte Vestível. No Brasil o conceito foi trazido por Liana Bloisi por volta de 1988, aqui batizado de rouparte.

A pouco tempo tive a oportunidade de conhecer o trabalho da artista plástica Hedva Megged. Creio que a grande tendência da moda nas próximas décadas será um look a temporal, longe de tendências comerciais que muitas vezes estão longe de expressar nosso estilo.
 
  FERNANDA BAUM
 






22 de dez. de 2010

VOLVER A LOS 80

VOLVER A LOS 80


A moda dos anos 80 esta de volta, e para quem viveu essa década é o mesmo que assistir um filme duas vezes. Isso me faz pensar na celebre frase da personagem Miranda no Diabo Veste Prada quando na cena ela escolhendo alguns looks para compor o novo editorial da revista diz: “Eu já vi tudo isso”.


Muitos também falam que a moda vai e volta porque a história se repete. Como bem teria afirmado o filósofo italiano Maquiavel, autor do livro O Princípe publicado no século XIII.


Seja como for, rever os anos 80 não é tão ruim assim, ainda mais quando é possível ver uma exposição de figurinos que marcou uma geração que fez história na cultura pop. Lembrando que foi na década de 80 que Madona apareceu e fez sucesso com canções como Papa Dont’s Preach, assim como Cyndi Lauper em Girls Just Want. E já que o momento é rever os anos 80 que tal lembrarmos Private Idaho do grupo B-52’s?


Essas e outras músicas agitaram as pistas de dança nas baladas da época e como qualquer jovem dancei muito esses hits. E ao ouvi-los durante uma exposição no Museo de La Moda na cidade de Santiago, capital do Chile, foi emocionante.


Se estiver programando uma viagem para América Latina, incluía o Chile em seu roteiro, Santiago é uma cidade formidável com muitas atrações culturais em especial o Museo de La Moda, um espaço para quem gosta de moda, arquitetura e história contemporânea.


FERNANDA BAUM












10 de dez. de 2010

HISTÓRIA DOS TECIDOS

  


As principais técnicas de conservação de tecidos nos museus



Cheiro de mofo e manchas amareladas são processos de envelhecimento pelo qual toda roupa esquecida em uma gaveta pode passar. Potencialize esses efeitos por centenas ou até milhares de anos e terá uma ideia do estado em que roupas, tapetes e outros tecidos chegam aos museus.
Mas qual será o processo que essas instutuições usam para conservar tecidos extremamente antigos? Para descobrir esse segredo, o MODASPOT conversou com Patricia Sant’Anna, especializada em museologia e professora dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Anhembi-Morumbi.
Quais são os principais problemas que roupas antigas apresentam ao chegar aos arquivos?
Isso depende muito do museu, mas, aqui no Brasil, na maioria das vezes as roupas costumam chegar em bom estado. Os principais problemas são manchas, mofos e oxidações causadas naturalmente pelo tempo de uso, que acabam deixando as roupas amareladas, principalmente as de tecido natural. Outro problema são os furos no tecido causados por animais como traças, baratas e mosquitos. Tecidos naturais, como o algodão, a seda e a lã, quando muito antigos, também podem apresentar desidratação intensa, o que faz com que eles esfarelem.
Quais as principais medidas usadas nos museus para preservar as roupas?
O inimigo número um das roupas é a luz, que leva ao desgaste e desbotamento das peças. Para evitar que isso aconteça, as roupas ficam armazenadas em locais escuros e, mesmo quando expostas, prefere-se deixá-las sob pouca luz ou em esquema de revezamento de peças. Outro fator de preocupação são insetos e animais. Para cupins, traças e baratas, costumamos utilizar barreiras químicas. Para animais maiores, como pássaros, telas de proteção são colocadas, como aquelas existentes no Museu Paulista. Além disso, as peças quase sempre são guardadas em posição horizontal, e nunca em cabides, para evitar deformações. E quanto à umidade e temperatura, utilizamos desumidificador e ar condicionado para manter o ar mais frio e seco.
E em relação à conservação de acessórios, como os museus procedem?
Couros, pérolas, peles e outros produtos de origem animal exigem cuidados específicos, pois sofrem um processo de deterioração acelerada. O couro, por exemplo, costuma ser reidratado, pois tende a ressecar. Com a pele acontece um processo semelhante, por isso, elas são mantidas em temperaturas baixas, como as mulheres faziam nos filmes de gângsters deixando suas peles em frigoríficos. Para os acessórios, o principal cuidado é com as pérolas, que por serem de calcário de origem animal, podem murchar com o tempo. Ouro e prata oxidam, mas podem facilmente ser limpos antes da exposição. Com os diamantes não há quase com o que se preocupar, como já se disse por aí, eles são mesmo eternos.


Museu londrino exibe vestidos usados pela Princesa Diana
O Bath Fashion Museum colocou em exibição uma coleção de vestidos usados pela Princesa Diana de Gales durante seus anos como membro da familia real britânica. A mostra, que fica em exposição de 17 de julho de 2010 até 9 de janeiro de 2011, é composta por vestidos de diversas grifes, como Versace e Catherine Walker, e foram todos emprestados por colecionadores. Diana Frances Spencer se casou com o Príncipe Charles em 1981, quando tinha 20 anos. Conhecida como a Princesa do Povo, Lady Di dedicou seus anos de reinado a trabalhos sociais, como a campanha contra as minas terrestres e o combate à AIDS. Além de se tornar uma das melhores amigas do cantor Elton John, Diana foi também um ícone de elegância e moda, tanto que ganhou até uma bolsa Dior em sua homenagem, a famosa Lady Dior. O casamento com o príncipe (com quem teve dois filhos, os príncipes William e Harry) durou 15 anos e eles se separaram em 1996. Apenas um ano depois, em 1997, Diana morreu em um trágico acidente de carro em Paris. Confira na galeria abaixo algumas fotos da exibição.


História dos tecidos
No livro Tecidos: História, Tramas, Tipos e Usos (Editora Senac, 2007), a jornalista Dinah Bueno Pezzolo conta que a tecelagem é considerada uma das artes mais antigas do mundo. O surgimento? Questão de necessidade, para proteger o corpo humano do frio e das intempéries naturais. Primeiro, os homens se aventuraram no entrelaçamento de galhos e folhas – e assim nasceria a cestaria. A partir daí, novos modos de entrelaçar foram descobertos, assim como novos desenhos, texturas e materiais.
Dinah Bueno Pezzolo, ancorada na antropóloga Olga Soffer, diz que o mais antigo indício da existência de têxteis na história da humanidade data de mais de 24 mil anos, no período Paleolítico.
Já no Neolítico, vestígios encontrados por arqueólogos indicam os avanços na cultura têxtil. “No Egito, foram descobertos tecidos feitos de linho que datam de 6000 a.C. Na Suíça e na Escandinávia, foram encontrados tecidos de lã datando da Idade de Bronze (3000 a.C. a 1500 a.C.). Na Índia, o algodão já era fiado e tecido por volta de 3000 a.C. Na China, a seda era tecida pelo menos mil anos antes de Cristo”, conta Dinah.
Nos livros e enciclopédias de moda, quatro fibras se destacam por sua importância histórica: o linho, a lã, o algodão e a seda. Confira a trajetória desses fios e o seu entrelaçamento com outras invenções têxteis ao longo da história.


História dos Tecidos – Idade Antiga
Desde a pré-história, os tecidos foram fundamentais para a história do homem. No Egito, os faraós eram embalsamados com o linho, símbolo de poder e riqueza. Na Mesopotâmia, a lã ganhou importância, com a domesticação de carneiros e ovelhas. Saiba um pouco mais sobre cada um desses períodos a seguir.
Da família das lináceas, o linho é um dos tecidos considerados mais nobres na história da moda, por sua tradição. No Egito antigo, os faraós eram embalsamados com o linho, o que era um símbolo de poder e de riqueza. As planícies do rio Nilo servem de leito para o linho há milhares de anos.
Segundo Dinah Bueno Pezzolo, o tecido vestia faraós e rainhas egípcias e, quando plissado, ficava ainda mais gracioso e belo devido à transparência de sua textura fina. O fio nobre se espalhou pela Europa graças aos fenícios, comerciantes e navegadores ilustres que o levaram para a Irlanda, a Inglaterra e a Bretanha. No entanto, foram os romanos que iniciaram o cultivo no norte europeu.
De acordo com Gilda Chataignier, o linho já prenunciava pinceladas de moda na Antiguidade (ainda que o conceito só tenha se definido no fim da Idade Média), pois o linho branco era usado para realçar as suntuosas joias dos faraós, reis e rainhas. Nascido em planícies áridas, o linho conquistou o status de fibra nobre, por seu toque macio e delicado.


Lã Mesopotâmia
A Mesopotâmia (atual Iraque) foi pioneira na domesticação de carneiros e ovelhas, essenciais para a trama das lãs. Antes da Mesopotâmia, porém, os povos nômades já usavam a lã, mas de uma outra maneira: na Idade da Pedra, os homens se alimentavam da carne de carneiro selvagem e depois usavam sua pele como agasalho.
Escavações arqueológicas na Mesopotâmia, no Oriente Médio, revelaram fragmentos dos primórdios da lã. Na Idade Antiga, as lãs da Mesopotâmia se tornaram famosas, passando a circular por centros importantes do Oriente, até que se tornaram a principal fibra da Europa boreal. A trama era usada como ornamento nas roupas de diversas culturas do Oriente Médio e, na Idade Média, conquistaram as cortes europeias.
Atualmente, a lã fina, do carneiro merino, originário da Espanha, se destina especialmente para alta-costura e prêt-à-porter de luxo. Enquanto isso, a lã de raça cruzada se volta para peças mais acessíveis do prêt-à-porter.


História dos Tecidos – Idade Antiga
Do Oriente ao Ocidente, o algodão teve forte influência sobre várias culturas. Já a seda, nascida na China, ganhou fama e se tornou cobiçada no Ocidente. O trajeto entre China e Roma se tornou a Rota da Seda, com 7 mil km de extensão, atravessando territórios da Rússia, Índia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irã, Síria, Turquia e Armênia.


3000 a.C.: O algodão no Paquistão e na Índia
A Índia e a Etiópia lideraram as primeiras peças tecidas de algodão. Antes conhecido como “lã de madeira”, “lã de árvore” e “ouro branco”, o algodão se tornou a fibra mais usada do mundo. O algodão cultivado no Egito se tornou mundialmente famoso, por ser incrivelmente forte e macio. Às margens do Rio Nilo, o clima e o solo são ideais para essa cultura. Assim, o Egito conquistou um capítulo à parte na história dos tecidos.
Atualmente, há quatro tipos de algodão para fins têxteis: upland (América Central e Caribe), egípcio (Egito), sea-island (ilhas no sudeste norte-americano e ilhas nas Índias Ocidentais, como Barbados) e asiático (Ásia meridional).
De acordo com Dinah Bueno Pezzolo, Heródoto dizia no ano 445 a.C. sobre o que vira na Índia: “Ali encontramos grandes árvores em estado selvagem cuja fruta é uma lã melhor e mais bonita que a de carneiro. Os indianos utilizam essa lã de árvore para se vestir”. O algodão egípcio é considerado o melhor e mais fino do mundo. No século VIII, o linho se tornou o principal tecido europeu. No século XIII, despontavam as “batistas”, tecidos finos de linho em vestidos, camisas e roupas íntimas.
Na América, o algodão selvagem era cultivado desde 5800 a.C., segundo vestígios descobertos em uma gruta perto de Tehuacan, no México. A fibra era uma fonte importante de recursos para os maias.
“Assim, muitos antes da chegada dos conquistadores ao novo continente, o algodão já fazia parte da vida de seus habitantes. Há quem diga que o fato de Cristóvão Colombo ter visto os habitantes das olhas de Barbados usando roupas de algodão fez com que ele pensasse ter descoberto o caminho para as Índias”, aponta Dinah Bueno Pezzolo.


2700 a.C.: A seda na China
Diz a lenda que uma princesa chinesa apanhou um casulo de uma amoreira e encantou-se com os fios brilhantes e finos desenroladas das lagartas. O segredo foi preservado nas muralhas e, tempos depois, seria descoberta a seda. Assim, o tecido nasceu sob o signo do luxo e do poder, conquistando logo as atenções ocidentais. A seda foi inventada na época do Imperador Huang Ti, cerca de 2697 a.C.


A Rota da Seda
Posteriormente, o Império Bizantino (395 a 1453) passou a produzir uma das sedas mais cobiçadas. Os romanos eram adoradores de seda, importando-a do Extremo Oriente. De acordo com Gilda Chataignier, o trajeto entre China e Roma se tornou a Rota da Seda.
Foi sob a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.) que a China firmou as trocas comerciais com o Ocidente, via a rota de 7 mil km de extensão, atravessando territórios da Rússia, Índia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irã, Síria, Turquia e Armênia. A Rota da Seda é considerada a mais importante ligação comercial e cultural entre Oriente e Ocidente por centenas de anos – e pode ser considerada uma precursora da idéia de comércio mundial.
Na época do Renascimento (1300 a 1650), a descoberta do caminho marítimo para as Índias ampliaria os horizontes e o Ocidente se apaixonaria pelo brilho dos tecidos bordados a ouro, das sedas finas e outras belezas orientais. Para Dinah Bueno Pezzolo, a seda tanto pode se mostrar macia e sedosa, quando cetim, como áspera e armada, quando shantung. “É o tecido dos nobres, como nobre foi o seu surgimento e como rainha dos tecidos se mantém”, diz Dinah.


História dos tecidos – Idade Média
A riqueza dos bordados europeus dava graça aos trajes da nobreza. A Itália e seus tecidos se destacavam e o comércio com o Oriente trazia todo tipo de novidades, texturas e cores para a Europa.


De 1000 a 1300 d.C
Os bordados europeus estavam bem desenvolvidos antes do primeiro milênio d.C.. A importância do bordado como uma técnica decorativa foi assegurada pela raridade e alto custo das sedas que, até o século XIII eram importadas do Império Bizantino e do Oriente Próximo. Apesar da maioria dos tecidos europeus serem feitos de lã e linho, as sedas se tornaram símbolo de poder e riqueza.


Século XII: Pashmina Himalaia
A fibra pashmina, proveniente da cabra tchang-ra, foi descoberta pelos mongóis no século XII. O nome vem da antiga palavra persa “pashm”, que significa “extremamente fina”. Além da tchang-ra, há outros animais lanígeros naturais do Oriente, como o camelo (China e Mongólia), a cabra cashmere (Tibete), a cabra angorá (Tibete e Turquia), coelho angorá (Turquia) e iaque (Tibete e China).


De 1300 a 1500
A Itália liderava a produção de lãs e sedas. Florença produzia roupas fine-quality, com lã importada da Inglaterra e tecidas em Flandres. Apesar da importância econômica da lã, foram as sedas italianas nos séculos XIV e XV que conquistaram o auge da fama na Europa, influenciando o design têxtil até o presente.
Entre os século XI e XV (então já na Idade Moderna), o tecido de algodão estampado nascia no Oriente e no Oriente Médio, antes do surgimento das telas indianas estampadas. Em 1498, quando o navegador Vasco da Gama ancorou na Índia, encontrou tecidos de puro algodão estampados com motivos florais e arabescos. Ao retornar a Portugal, levou os coloridos tecidos para a Península Ibérica, junto com porcelanas, sedas e especiarias.


História dos Tecidos – Idade Contemporânea


Século XVII: 1601 a 1700
Por volta de 1620, as rendas se tornaram uma obsessão na França, na Itália e na Espanha. Rendas bordadas com ouro e pérolas, feltros e musselines, seda moiré, chamalote e tafetá, veludo frisado, cetim e adamascados eram os tecidos em alta para confeccionar os vestidos chiques da época.
O tecido adamascado foi assim batizado em homenagem a Damasco, cidade da Síria onde os tecidos foram vistos pela primeira vez pelos cavaleiros das Cruzadas. De cor única, os tecidos destacam desenhos no cruzamento da trama com os fios do urdume, sob o efeito da luz. Durante centenas de anos, os chineses faziam tecidos de seda ornamentada, do Oriente para a Europa.
No século XVII, ainda sob a influência da cultura renascentista, os tecelões italianos consolidavam seus avanços, unindo o glamour com referências culturais da antigüidade clássica, com pinceladas humanistas e naturalistas. Antes dominada pela Itália, a nova época via a ascensão da França no domínio das clássicas sedas.
Nos Estados, a cultura do algodão se inicia na Virgínia, no início do século XVII. Nos anos 1700, já se expandia a Flórida, Geórgia, Louisiana, Carolina do Norte e Carolina do Sul.


Século XVIII: 1701 a 1800
Enquanto a Inglaterra dominava a linha masculina, a França inovava a feminina. Nesta época, fortalece-se a influência da cultura oriental, com laços, florais luxuosos, cores exóticas e quimonos importados na Companhia das Índias Orientais. A seda ganha mais brilho, ao lado de materiais luxuosos como veludos, brocados de ouro e prata e rendas.
No final do século XVII, as mulheres nobres usavam lenços de tafetá sobre os ombros, carregando ainda agasalhos finos feitos de peles de animais, considerados elegantes à época. Luxo e frivolidade marcaram a sociedade francesa da época, com um carnaval de vestidos “sinos” – com quase 150 centímetros de circunferência. Os tecidos clássicos e luxuosos dos séculos anteriores foram aperfeiçoados, adornados ainda mais com lantejoulas e rendas. Por outro lado, o estilo passou por uma reviravolta com a queda de Luís XVI e Maria Antonieta, com a Revolução Francesa. A simplicidade se tornou a palavra-chave para o espírito da época.


História dos Tecidos – Idade Contemporânea
A cashmere conquistou fama na Europa no final do século XVIII e início do XIX. O tecido dos vales da Caxemira graciosamente conquistaria a forma de xales perfeitos e elegantes vestidos, flertando com as tendências de texturas adamascadas, tafetás encorpados e toile-de-jouy.
Além disso, duas tendências se destacavam: as estampas florais nos vestidos e as inovadoras técnicas com retalhos de patchwork. Antes experimentadas por amadores, as tendências foram apropriadas por profissionais no século XX, que a transformaram em uma forma de arte.
“Durante o século XVIII, o domínio artístico da França e sua influência sobre a sociedade moderna impôs uma certa uniformidade na saída dos workshops que podem, por vezes, tornar difícil identificar a proveniência de um bordado particular. Mas, ao mesmo tempo, a diferença que sempre existiu entre os bordados feitos para o mais alto nível da sociedade e aquelas disponíveis para as pessoas de baixa patente parecia ficar mais acentuada, como a diferença notável entre o trabalho profissional e amador. Distintas tradições também tinham se desenvolvido no seio das comunidades camponesas em muitos países e os bordados sobreviventes, portanto, apresentam uma grande variedade de estilos que podem refletir o tanto seu desenvolvimento social quanto a sua origem geográfica”


França e Inglaterra, “oficinas do mundo”
No século XVIII, a França dominava artisticamente os bordados criativos, os tecidos luxuosos e, claro, as tendências. Até a Revolução Francesa, a corte criava e recriava vogas ao bel-prazer da rainha Maria Antonieta, uma fashionista precursora.
Ainda no século XVIII, a Revolução Industrial alavancava novas realidades para a produção. Desde então, cruzou fronteiras, transpassando Europa, América e Ásia. No campo da moda, a produção têxtil ganhava novos contornos com os avanços técnicos com as máquinas e teares


História dos Tecidos – Idade Contemporânea


Século XIX: 1801 a 1900
Na virada do século XVIII para o XIX, a época romântica trazia estampas com pequenas flores além da estética, as flores escondiam marcas sujas e manufatura pobre. Motivos medievais e naturalistas também continuavam em alta. Xales eram feitos em diversos tamanhos e eram usadas para todas as estações. Os materiais utilizados foram o algodão, lã, seda, cambraia, musselina e renda. As cores foram igualmente diversas: canário, verde, branco, vermelho e azul eram os favoritos. Foi o advento da cashmere, porém, que realmente fez o xale popular. O material macio, rico, feito de couro tibetano, foi primeiramente observado em 1755, mas apenas no século XIX realmente conquistou as atenções. No início século XIX, uma grande inovação do francês Joseph-Marie Jacquard, de Lyon, daria um up nos tecidos adamascados: o tear automático, que é usado até os dias atuais: o jacquard.


1835: A alpaca nos Andes
A lã de alpaca, da família dos camelídeos dos Andes, se tornou um tecido em 1836, quando sir Titus Salt misturou a alpaca com a seda. A lã se tornou popular na década de 1840, usada para confeccionar peças e forrar casacos. Nos países andinos, o tecido continua em voga, nas peças tradicionais. Além da alpaca, os pêlos da lhama e da vicunha também são usados para se tecer lãs.


1873: O jeans nos Estados Unidos
O jovem alemão Levi Strauss (1829-1902) era um mercador de rolos de lona, usados para cobrir barracas e carroças. Em 1872, o alfaiate Jacob David passou a adaptar os rolos para costurar calças para os mineradores, por serem mais resistentes às intempéries climáticas.
Ao descobrir o denim, um novo tipo de brim francês importado de Nîmes, Levi-Strauss e David passaram a produzir novas calças e, para amenizar as variações de cor, tingia o tecido com índigo blue. Nascia, assim, o blue jeans, patenteado pela Levi Strauss & Co em maio de 1873.


1869: O acetato na Alemanha
O fio sintético de acetato foi criado na Alemanha, em 1869. Posteriormente, os químicos Camille e Henri Dreyfus de Basiléia, no início do século XX, continuaram estudando o novo material. No entanto, seus estudos foram interrompidos com a Primeira Guerra Mundial, quando o acetato foi usado na fabricação de encerados para revestir os aviões franceses e britânicos. Em 1920, uma companhia inglesa produziu fibras de acetato com o método Dreyfus. Desde então, o fio é usado em lingerie, vestidos e malhas.


1888: O aertex na Inglaterra
Tecido de algodão lançado na Inglaterra no final do século XIX por Lewis Haslam, Benjamin Ward Richardson e Richard Greene, que formaram a Aertex Company, em 1888. Três anos depois, a companhia estava fabricando lingeries com aertex.


1889: O raiom na Inglaterra, a primeira fibra química artificial
Trata-se da primeira fibra química artificial, apresentada ao mundo em 1889, com o químico francês Hilaire Bernigaud, conde de Chardonnet de Grange (1839 a 1914). No entanto, a fibra recebeu o nome rayon em 1924, escolhido por Kenneth Lord, após um concurso para encontrar um novo nome para a seda artificial, feita de celulose. Em 1912, foram produzidas as primeiras meias finas de seda de raiom.


História dos Tecidos – Idade Contemporânea


De 1900 a 1920
Musseline, gaze e tule estavam na moda. Airosos e transparentes, gaze e tule davam frescor aos looks. A musseline é um tecido macio, fresco e fino, construído em ponto de tafetá – o nome é uma homenagem a “Mosul”, cidade no Iraque onde o tecido foi originado. Ao longo dos séculos, Índia e Bangladesh se tornaram o lar das musselinas exóticas. Alfaiataria, rendas, flores, arabescos e chinoiserie também marcaram a época.


De 1920 a 1939
Lamê, rayon, musseline organdi e organza foram os destaques da época. Entre as estampas, destacavam-se as listras e as ilustrações de arte moderna. A palavra francesa lamé corresponde à ideia de “adornos dourados e prateados”. É o nome dado a tecidos feitos com fios metálicos nesses matizes. Desde a década de 1930, o lamé é muito usado em vestidos de toalete.


1921: O raiom acetato na Suíça
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, mais uma fibra química foi obtida nas experimentações laboratoriais. Os suíços Henry e Camille Dreyfus criaram a celanese, conhecida como raiom acetato.


1935: O nylon nos Estados Unidos
O nylon nasceu em 1935, de maneira triunfante na história da moda, pois fazia a roupa não amassar. Em 1949, o francês Robert Weill lança a expressão “prêt-à-porter” e traz a moda para a indústria, acessível para todos. Na esteira do nylon viriam o Tencel e a Lycra, tecidos importantes para o fast fashion.


De 1940 a 1950
Na época, a moda mesclava jérsei de lã, veludo cotelê e crepes. Enquanto a Segunda Guerra Mundial dava o tom para o pesado clima político da época, a moda se desdobrava para se manter na Europa. O estilo militar, mais sério, continuava em voga, com tecidos pesados e resistentes, como o tweed. Devido à escassez dos tecidos mais finos, como a seda, a moda precisou buscar materiais alternativos, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. No pós-guerra, o New Look de Dior daria uma reviravolta na moda. O luxo e o glamour estavam de volta e, com eles, os tecidos nobres para vestidos sofisticados e peles.


1947: O acrílico na Alemanha
A fibra sintética foi lançada em 1947, mas o acrílico só foi produzido em larga escala a partir da década de 1950. É um tecido forte, usado na confecção de malhas e forro de botas, luvas e paletós, na tentativa de substituir a lã.


História dos Tecidos – Idade Contemporânea


De 1950 a 1960
Na esteira do New Look, de Christian Dior, os tecidos luxuosos voltaram às produções. Fustão cotelê, cetim e sedas. Além disso, nos tempos de juventude rebelde, jeans e jaquetas de couro conquistaram espaço privilegiado nos figurinos hollywoodianos e no cotidiano de milhares de jovens.


1958: A lycra nos Estados Unidos
No início, a lycra era um fio tão grosso que se destinava à confecção de cintas cirúrgicas. Depois, o fio ficou mais fino, incorporando-se à lingerie e à moda praia. Atualmente, a Lycra é capaz de se ajustar às curvas do corpo, como uma segunda pele.


De 1960 a 1970
Tweed, jeans e couro, estampas florais provençais e liberty, listras finas, bayadère e cartoons, vários estilos passaram a se mesclar ao longo da década de 1960. Enquanto muitos viam o auge de sua juventude em um simples e livre jeans, outros incorporavam a moda étnica, com túnicas floridas e xales indianos.


De 1970 a 1980
Arabesco estilo Pucci, motivos folclóricos e estampados românticos tipo hippie protagonizavam a moda da década de 1970.


De 1980 a 1990
Jeans, lycra e nylon com brilhos e cores estrelavam a década dos excessos. Assim como os modelitos, os tecidos eram over.


De 1990 a 2000
Microfibra, poliéster e strecht entram em cena, assim como as novidades na indústria têxtil foram incorporadas à moda, criando novas possibilidades para peças e estilos.
Na página 132 do livro Fio a fio, Gilda diz: “No século XXI, tudo é permitido e as influências socioculturais entram na dança frenética de tecidos, cores e materiais. Usa-se do clássico, reciclado e com aspecto de novidade, às pequenas loucuras lançadas por estilistas e designers têxteis e aceitas socialmente. Festa para olhos e pele que favorecem à indústria têxtil e à versatilidade da moda”.


História dos tecidos


Desvende as tramas entrelaçadas na história do tecido, da antiguidade aos dias atuais
Entrelaçar fios é a mais simples definição de “tecer”, um hábito cultivado desde a antiguidade. Cruzando as mais diversas épocas, é possível ler a história nas tramas do tecido: do Egito antigo à América pré-colombiana, da Inglaterra na revolução industrial no século XVIII ao revolucionário prêt-à-porter na França no século XX, dos teares mais rústicos aos fios nanotecnológicos, das fazendas mais simples às tessituras fashion.
No prefácio de Fio a fio: tecidos, moda e linguagem, de Gilda Chataignier (Estação das Letras, 2006), Kathia Castilho diz: “Como se vê, os fios tramam contextos, alinhavam histórias, arrematam elos de nossa cultura”. A história dos tecidos nos conta muito sobre o corpo, a moda, os costumes e hábitos, a arte, a cultura e a tecnologia de uma época.
Na página 46 do livro Fio a fio, a autora Gilda Chataignier diz: “[...] Ninguém duvida que o tecido tenha uma presença extremamente forte na sociedade contemporânea. Aliás, em tempos idos e vividos, a fibra tecida e vestida sempre foi símbolo de poder, segurança, competição, cobiça, gosto, elegância e outras variáveis de maior ou menor envergadura, incluindo seus opostos. Dentro das meadas que tecem a História, dos usos e abusos, torna-se patente e inequívoco que o pano é um catalisador de sensações que passam pelos sentidos dos humanos e celebram à sua moda, o que é bom usar ou o que merece ser esquecido [...]”
“Ao longo da história dos tecidos, certos padrões e tramas têm sido repetidos. Esses tecidos se tornaram clássicos e alguns clássicos permanecem populares de uma forma ou de outra, por exemplo, pontos, listras e florais. Outros clássicos entram e saem de moda, como o design paisley. É interessante notar um design têxtil clássico e ver o que o torna tão atemporal, para tentar reinventá-lo” Jenny Udale


Tecidos ponto a ponto


Confira os diferentes tipos de tecidos, fibras, textuas e estampas
Tecidos não são simplesmente “fios”. Muito além de pequeninas linhas emaranhadas, os tecidos compõem a base de todas as peças do closet contemporâneo. Poderia ser mais importante? Por isso, é interessante destrinchar de que são feitos os tecidos: os tipos de fibras, os tipos de textura e até os tipos de estampa. Afinal, nessa trama é possível ver a segunda pele para todas as peças, sem a qual a moda estaria nua.


Fibras sintéticas e artificiais
As fibras sintéticas são man made. As matérias-primas são polímeros da indústria petroquímica, como acrílico, aramidas, nylon, poliamida, poliéster e poliuretano. Nomes esquisitos? Pois essas fibras despontaram com os avanços nos laboratórios, alavancando a indústria têxtil e a criatividade dos estilistas. Apesar de resistirem bem ao passar do tempo, o revés das fibras sintéticas é a vulnerabilidade às mudanças de temperatura. As fibras artificiais, por sua vez, aliam as fontes de celulose e de proteína, criando telas de distintas texturas como acetato, rayon e triacetato – o único porém é que esses materiais são altamente inflamáveis. Entre os tecidos com fibras artificiais, destacam-se os veludos, as lycras e o damasco. Mas na linhagem das fibras sintéticas e as artificiais, as inovações não param, pois novos estudos continuam a experimentar possibilidades para os tecidos, com fios inteligentes e peças high tech.
As fibras naturais são encontradas a partir de fontes orgânicas, como celulose e proteína. O algodão é a principal fonte de fibras naturais – por sua versatilidade e harmonia com quase todos os estilos e épocas, os fios se destinam à produção de 40% dos tecidos do mundo. Também de celulose, o linho é a fibra mais antiga de que se tem notícia, com propriedades semelhantes às do algodão. Entre as fontes protéicas, destacam-se a lã, as peles e o couro. Cashmeres, angorás e minks davam um ar sofisticado às peças de inverno, mas atualmente recebem muitas críticas da sociedade e dos defensores dos animais, como a People for the Ethical Treatment of Animals (Peta). Além disso, há fibras naturais encontradas a partir de fontes minerais, como o amianto.


Tipos de tecidos
Tecido plano: Obtido pelo entrelaçamento de fios, nos estilos urdume e trama, formando um ângulo de 90º.
Tecido liso: Os franceses se referem a ele como tissu uni, um verbete bastante presente na alta-costura. Entre os tecidos lisos, há variáveis: o tecido simples (como o brim), o tecido composto (como o fustão), o tecido felpudo (como o veludo) e o tecido leno (como a gaze).
Tecido maquinetado: Originalidade dos detalhes, com delicados desenhos no mesmo tom do fundo.
Tecido jacquard: Também lembrado como tecido façonê, é produzido com fios multicoloridos entrecruzados.
Tecido estampado: Após a tecelagem, recebe estampa de desenhos e ilustrações.
Tecido de malha: Formado por laços cruzados lateral e verticalmente, de um ou mais fios.
Malha de trama: Entrelaçamento de um único tipo de fio.
Malha de teia: Entrelaçamento de conjuntos de fios, lado a lado no tear.
Malha mista: Mais conhecida como lad-in, com a inserção periódica de um fio de trama.
Tecido de laçada: Os fios fazem laçadas completas, isto é, nós completos que formam a base da armação.
Tecido “não tecido”: Como o nome indica, não passa pelos procedimentos tradicionais. Mas os enlaces das camadas de fibras formam uma folha contínua, como o feltro e o perfex.
Tecido especial: Estrutura mista e complexa equacionando o tecido comum, o de malha e o não tecido. Nesta composição, entram ainda materiais como filmes e laminados, como lamê e brocado.


Tipos de texturas
As texturas, também chamadas de “fio fantasia”, são as fibras transformadas no processo de fiação. Entre as principais, Gilda Chataignier destaca:


Boutonné: Pequenas bolas irregulares. No Brasil, é conhecido como “coco ralado”.
Bouclé: Aspecto irregular, efeito conquistado com o uso de fios encaracolados na trama.
Chenile: Franjas curtas e grossas, como um tapete.
Granité: Áspero e granulado, com crepes sensíveis ao toque.
Flame: Graduações de ligeiros relevos, irregulares como as chamas do fogo.
Frise: Efeito plissado.
Grenadine: Textura de seda brilhante – a linha do grenadine é usada na alta-costura.
Grippé: Franzidos na trama, provocando um aspecto encarquilhado.
Métallique: Desfiável e desconfortável, mas com um efeito estiloso e cinematográfico.
Mussê: O tecido lembra a mousse, fofa e leve, usada em musselines e crepes georgettes.


Tipos de estampas
Florais: Realistas, fotográficas, impressionistas, rabiscadas, abstratas, as flores sempre dão um ar romântico às estampas, com um toque bucólico e ao mesmo tempo sofisticado.


Geométricos: Linhas retas, curvas angulosas, esferas, triângulos, tabuleiros de xadrez, todas as formas geométricas que o compasso e a criatividade permitirem são bem-vindas nas estampas, extrapolando para notas musicais, grafismos e signos cibernéticos.


Históricos: Datas cívicas, personagens e heróis nacionais, efemérides históricas, datas comemorativas e símbolos patrióticos saltam dos museus às estampas.


Étnicos: Os souvenires mais simbólicos entram nessas estampas, com um ar alegórico de um país em uma época pretensamente “pura”, naïf, isto é, nativa e um tanto ingênua.


Artísticos: Baseados em escolas e tendências de arte, referentes a uma determinada época com seus estilos e estéticas. Classicismo, barroco, art-nouveau, art-déco, modernismo, psicodelismo e pop-art fazem parte dessas inspirações para estampas.


Listrados
No século XII e XIII, as listras conquistam certa notoriedade – mas não por bons motivos. Inicialmente, ilustravam representações negativas, como as camisetas listradas dos prisioneiros. Saltimbancos, cortesãs, malandros, feiticeiras e personagens diabólicos também eram relacionados a essas riscas. Ao longo da história, esse preconceito se perde no tempo: as listras conquistaram espaço nas camisas, looks românticos, estilo navy, peças colegiais, relacionando-se às ideias de modernidade e juventude.






Fontes
- Tecidos: história, tramas, tipos e usos, de Dinah Bueno Pezzolo (Editora Senac, 2007).
- Fio a fio: tecidos, moda e linguagem, de Gilda Chataignier (Estação das Letras, 2006).
- Textiles and Fashion, de Jenny Udale (Editora Ava, 2008).
- Textiles 5.000 Years, de Jennifer Harris (Editora Abrams, 1993).
- Enciclopédia da Moda, de Georgina O’Hara (Companhia das Letras, 1992).
- The Historical Encyclopedia of Costumes, de Albert Racinet (Studio Editions, 1990).

9 de dez. de 2010

HISTÓRIA DAS BOLSAS

 

No começo do séc. XIX as bolsas foram desenvolvidas em resposta as mudanças na indumentária feminina. As primeiras foram desenvolvidas para transportar objetos de
acordo com a classe social de cada mulher, como lenços de mão, leques, cartas, cartões de visita. Desta maneira tornaram-se indispensáveis na Inglaterra e consideradas
“ridicules” (ridículas) na França.
Com o progresso do século XIX, o termo francês “ridicules” passou a ser denominado “retícule”,termo este que foi usado tanto na França como na Inglaterra a partir
de 1912 para designar as bolsas da época.
As primeiras retícules foram confeccionadas com a mesma cor e tecido do vestido, como o veludo e a seda, ornadas com alças de cordões ou correntes. Muitas destas bolsas
foram feitas em casa por jovens que tinham habilidades manuais. As retícules tornaram-se essencial no traje feminino durante o primeiro império francês, o período
neoclássico entre 1804 até 1914. As retícules do século XIX, refletiam as mudanças da moda, e com o passar dos tempos, passaram a serem adornados com pérolas,
bordados, renda, fio de seda, cetim, couro, ráfia e madrepérola.
As primeiras bolsas para viagem surgiram na primeira metade do século XIX. Estas eram miniaturas das malas de viagem e vinham com fechadura, chave e compartimento para a passagem.

CHATELAINES
Em 1880, a princesa Alexandra, filha do rei da Dinamarca, que mais tarde casou-se com Eduardo VII da Grã Bretanha, e uma das líderes de opinião da moda da época, tornou-se popular o uso das Chatelaines, criadas a partir de conceitos medievais.
Estas pequenas e delicadas bolsas causaram um grande impacto na moda no final do século XIX.
As saias de crinolina (estrutura rígida usada em baixo das saias para dar volume), acompanhadas de bolsa chatelaine (pequena bolsa suspensa por correntes, colocada na cintura), que tiveram uma proposta funcional porque deixava as mãos das mulheres livres para carregarem as saias que eram volumosas. O balanço das correntes chamava a atenção para a cintura estreita das mulheres. Apesar da chatelaine ter sido popular na Inglaterra, ela foi vista pela primeira vez em Paris, poucos anos antes.
A bolsa Chatelaine, tornou-se um acessório de ostentação entre as mulheres do século XIX, principalmente durante o período em que a Reticule tornou-se antiquada em 1840 e depois em 1870.


BOLSAS COM MALHA DE METAL
As primeiras bolsas com malha de metal foram feitas por ourives em 1820, e emolduradas com pedras preciosas.
A primeira empresa responsável pelo lançamento das bolsas de metal foi Whiting and Davis Company, localizada na Pensilvânia, Massachusetts, foi fundada como uma empresa de joalheria em 1876. Seu primeiro nome foi Wade, Davis and Company, mas foi trocado em 1880 quando o jovem Charles Whiting se associou a empresa. Apesar de um trabalho duro, extremamente delicado e um desejo de desenvolver uma forma de arte medieval, o jovem Charles, alugou um escritório e tornou-se o proprietário majoritário da empresa.
Durante 100 anos, a Whiting and Davis Company foi responsável por desenvolver excepcionais bolsas de metal incluindo em sua coleção caixas para cigarro, isqueiro, suportes para cosméticos, carteiras, jóias e extravagantes roupas em metal. A empresa hoje é especializada em fazer equipamentos para mergulho e luvas de metal para proteger as mãos de trabalhadores com profissões insalubres.

BOLSAS BORDADAS
As bolsas em tapeçaria puderam ser vistas no começo do século XIX. Os temas com cenas históricas, inspiradas na literatura, escultura, pintura com figuras românticas de fauna e flora, foram muito populares durante os anos de 1820 até 1860. Os motivos trabalhados na tapeçaria foram muito significativos na reflexão social, histórica e intelectual dos artesãos da época. Algumas destas bolsas foram feitas com tapeçaria de parede ou pedaços de tecidos bordados.
As armações que podiam ser de ouro, prata ou aço, foram adornadas com pedras preciosas. As correntes podiam ser longas ou curtas e muitas vezes dupla. No século XX estas bolsas tornaram-se obras de arte.


SÉCULO XX
No século XX a moda deixou de ser encarada como frívola . As pessoas se convencem de que ela está ligada às modificações que atingem a sociedade em vários aspectos. Até o século XX a Europa era o centro da moda, mas com o advento de duas guerras mundiais, muitos hábitos referentes ao vestuário se modificaram. Os conflitos obrigam os países a desenvolverem enormemente as suas tecnologias.
No início do século, com o desenvolvimento da industrialização, a facilidade de locomoção mundial e, por conseguinte o aumento das exportações, uma grande quantidade de novas, e atraentes bolsas, passaram a ser comercializada por todas as partes. As bolsas tornaram-se um acessório indispensável ao mundo fashion, com novos e diferentes modelos surgindo à cada estação, especialmente desenhadas para ocasiões especiais e, mesmo, para específicas horas do dia.
No início de 1900, as mulheres começaram a ter uma participação mais ativa na vida diária das famílias. Ainda que muitas das compras fossem entregues e pagas à domicílio, começam a surgir grandes bolsas de couro, conhecidas como “bolsas de compra”.
A invenção do automóvel e a facilidade das viagens de trem foram responsáveis pelo surgimento das bolsas de viagem. Feitas de couro, em uma variação das bolsas de compras, estas eram feitas para acompanhar os viajantes e não eram entregues aos carregadores.

BELLE ÉPOQUE (1890-1914) 
O período que vai de 1890 a 1914 é conhecido com o Belle Époque (A Bela Época). Auge da era Edwardiana, que se caracterizou pelo bem viver, ostentação, luxo e extravagância da classe alta.
Na Belle Époque, os costureiros famosos determinaram umas modas clássicas, severas para os homens, sinuosa e pesada para as mulheres.Mas começaram a aparecer figuras revolucionárias na moda como Paul Poiret e Mariano Fortuny, que procurava reencontrar a simplicidade das roupas grego-romanas e iniciaram o esboço de grandes revoluções no mundo da moda. As bolsas que foram transformadas em acessórios necessários eram geralmente retangulares, pequenas, confeccionadas em tecido bordado ou malha metálica e sustentadas por correntes ou cordões. Grandes bolsas de couro eram fabricadas para as viagens de automóvel, que estão começando a virar moda. As bolsas para noite, muitas vezes utilizavam tecidos antigos, até coletes bordados dos séculos anteriores eram cortados para fabricá-las.
No Brasil,as regras do que fazer e como se vestir, vinham da França. Era do francês que se extraíam as palavras usadas para designar as peças do vestuário e acessórios brasileiros.

DÉCADA DE 20 
A bolsa dominante da década de 20, foi a de estilo carteira. Levada sobre os braços, foi muito usada tanto para o dia como para a noite. Sua superfície plana permitia a aplicação de bordados apliques ou estampas, refletindo as tendências dominantes da época. Para o dia usava-se bolsa pequena feita com pele de cobra, lagartos e crocodilos. Para a noite, com bordados e pedrarias coordenando com os vestidos apropriados para dançar, simbolizando o look dominante da década.
Livre dos espartilhos, a mulher começa a ter mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas e usar maquiagem. Suntuosos e multicoloridos os bordados foram aplicados nas bolsas usadas com vários tipos de vestimentas da época.


MOVIMENTOS ARTÍSTICOS
O Art Nouveau é o nome dado ao movimento internacional que se espalhou pela Europa e os Estados Unidos desde o final da década de 1880 até a Primeira Guerra Mundial. O ArtNouveau estabelece uma linguagem onde as linhas curvas e fluídas, promovem assimetria e originalidade nas formas. Embora fosse um estilo explicitamente moderno, que rejeitava o historicismo acadêmico do século XIX, ainda assim buscava inspirar-se em modelos passados, sobretudo os desconsiderados e os exóticos, tais como a arte e a decoração japonesa, iluminuras e ourivesaria céltica e saxônica e arquitetura gótica.


DÉCADA DE 30
Apesar da crise financeira de 1929, (quebra da bolsa de Nova York) a década de 30 foi um período de produção, invenção e criação cultural artística muito intensa.
Com a crise financeira, os fabricantes de bolsa passaram a usar materiais mais baratos como o plástico Bakelite, que dava o efeito rígido e cintilante. A mulher desta época, devia ser magra, bronzeada e esportiva. O cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes.
Hollywood através de suas estrelas como Mel West, Greta Garbo e Marlene Dietrich, influenciaram a muitos na maneira de se vestirem.
As bolsas eram pequenas e arrematadas por fechos de metal, algumas fabricadas com o mesmo tecido dos vestidos.
No começo dos anos 30, as bolsas mantiveram um tamanho pequeno, sem muita ornamentação, mas no final da década, gradualmente foram ficando largas e mais sofisticadas, fabricadas com diversos tipos de couro como o de cobra, crocodilo, jacaré, bezerro, leão marinho, entre outros.
O look natural abriu espaço para as empresas de beleza produzirem as “beauty cases” (estojos de beleza) em versões sofisticadas. Em conseqüência a esta nova tendência, em 1935 os espaços internos das bolsas passaram a ser mais funcionais com compartimentos para maquiagem que vinham com espelho, porta batom e compartimento para dinheiro.
Brasil, o processo de transformações sucessivas no sistema da moda, incluindo aí a vestimenta , o penteado, atavios e acessórios, foi amplamente marcado por influências recíprocas da imprensa e depois pelo cinema. O aspecto de cores, cortes e decotes, os modelos de bolsas, chapéus e diferentes calçados, passou a ser ditado pelos personagens protagonizados por atrizes e atores dos grandes estúdios de Hollywood.


DÉCADA DE 40
Havia um impulso generalizado de satisfazer os desejos reprimidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Muitos materiais sumiram do mercado e foi preciso usar de muita criatividade para substituí-los. Em meio a toda agitação e transtornos provocados pela guerra, a década de 40, instiga pela adversidade, sendo uma das mais produtivas neste século.
Por causa da escassez da matéria prima, o artesanato se desenvolveu. As bolsas de couro eram raras, muitas foram confeccionadas em tecido. Empregava-se todo o material disponível, e todos se transformaram em artesãos. Durante aquele período não se podia separar a imagem da mulher dos acessórios artesanais, que faziam o charme de sua aparência.
Apesar de algumas bolsas já serem confeccionadas com o revolucionário zíper, houve uma restrição com relação ao seu uso e também com o fecho de metal, surgindo assim outros materiais como a madeira.
Em 1941 na França, em conseqüência a um decreto proibindo a fabricação das grandes bolsas de couro, tão apreciadas por sua capacidade de absorção, desaparecem pouco a pouco das ruas.
Com isso, as raras felizardas proprietárias de uma dessas maravilhas as valorizam ainda mais.
Objeto de cobiça porque raro, esse tipo de bolsa se presta facilmente à troca (lê-se às vezes nos classificados : “Troco pele por bolsa de couro”), ou ao mercado negro. Assim sendo, para substituí-las, algumas mulheres se contentam com produtos de substituição que enfeitam com bastante habilidade.
A moda está nas imensas bolsa-cestos, fabricadas em “couro envernizado, ou melhor, pele de cobra, sobretudo a píton, o fino do fino consistindo em prendê-las no cinto. Os alforje em tecido fazem furor e existem em diferentes versões, desde o utilitário até os mais sofisticados.
À primeira categoria pertence um modelo, bastante difundido, intitulado Restrições. Trata-se de uma bolsa grande, companheira diária da mulher, geralmente em tecido encerado, fechada por um cordão de franciscano. Dentro, pode carregar saquinhos de tecido bem leve que servem de disfarce para latas de “café”, “chá”, “açúcar”, “tíquetes”... sem que nada apareça. Em 1941, Lucien Lelong, em lugar de bolsas em couro, apresenta um modelo cortado diretamente na madeira e que tem o aspecto de um toco de árvore de perfil. A moda pega e são incontáveis as bolsas de madeira, polidas ou envernizadas, naturais ou tingidas, redondas ou quadradas, que invadem as cidades pouco tempo depois.

Restrições em Tempos de Guerra

DÉCADA DE 50
Nos anos 50, depois do baby-boom (nascimento de muitos bebês como decorrência da volta dos homens da guerra), a americana tornou-se mais caseira. Embora os anos 50 tenham fama de serem muito pomposos, a mulher adotou a linha casual, refletindo sua imagem de esposa e mãe exemplar. A televisão influenciou muito a moda americana, e era comum as mulheres copiarem roupas de atrizes e atores glamourosos como Doris Day e Elizabeth Taylor.
As bolsas estilo Box (caixa), tornaram-se populares no final dos anos 40 e início dos anos 50. Nesta década elas foram revestidas com couro de animais exóticos como crocodilo, cobra, lagartos, entre outros. As bolsa bracelete com um ou dois aros e com fecho, tornou-se popular nos anos 50.
Em 1953 foram lançadas novas propostas como a carteira e as pastas executivas para homens.
O bambo também foi muito utilizado na armação das bolsas. No Brasil, os olhos estão voltados para o Rio de Janeiro. As garotas começam a usar calça comprida e seguem a risca os conselhos das seções das revistas femininas, A Cigarra, O Cruzeiro e posteriormente a Manchete.
As bolsas ainda mantém o estilo carteira, modelo envelope e bolsa box em couro de crocodilo.
Nesta época não existia uma moda genuinamente brasileira, pois tudo era copiado de fora.
Nos anos 60, a juventude exige uma inovação no modo de se vestir, desprezando a sociedade de consumo, adotando uma aparência mais simples e despojada.
O movimento hippie, com seu vestuário ecologicamente consciente e anticonformista, exerceu uma influência indiscutível na moda. Tudo o que remetesse a uma época mais simples era apreciado. Isso explicou a retomada de técnicas artesanais, como o tricô, o crochê e o patchwork. Nos primeiros anos da década de 60, as bolsas ainda eram em estilo
carteira, recebendo motivos e padronagens decorativas em couro ou sintético. Algumas foram confeccionadas em tecido como o tweed e o tartan. O bambu e o acrílico forma muito usados para a estrutura das bolsas. Com o passar do tempo houve uma diversificação nos formatos das bolsas desde o mais artesanal até os mais sofisticados.
Os movimentos artísticos como o Op-Art (optical arte) e o Pop-Art (arte que usava objetos de consumo como tema), com o seu vocabulário formal geométrico, bem como o vocabulário formal de outras tendências artísticas, foram também adotadas pela moda. As bolsas receberam todas as influências desses movimentos com estampas geométricas, imagens ou formas de objetos de consumo do cotidiano. O movimento Flower Power, (poder das flores) um símbolo do direito à paz, promovido pelos hippies, revolucionou a moda dos anos 60, influenciado os designer na criação das bolsas. No Brasil, a moda dos anos 60, apesar de ser influenciada pelos movimentos artístico e musical da Europa e EUA, é também dominada pelos conceitos de luxo dos ateliês de alta-costura. As novas tendências são estudadas e previstas através das mudanças de comportamento, muito evidentes na década.


DÉCADA DE 60
A moda futurista representava como que um contrapeso à moda hippie, que pregava a simplicidade. Numa época em que a ficção científica aparecia nos livros e filmes dos beatniks, e em que era preparada a primeira viagem a Lua, tentava-se introduzir na moda elementos de visão utópica e tecnológica. Essa moda influenciou os designer, principalmente os franceses, no desenvolvimento de peças de vestuário e acessórios com placas laminadas, e sintético prateado.


MOVIMENTO POP ART
O movimento Pop Art foi a essência de um grande movimento cultural dos anos 60. A Pop Art não é um Estilo, mas antes uma palavra que reagrupa fenômenos artísticos intimamente ligados ao espírito de uma época. Ligada a palavra “arte”, a palavra “pop” leva a associação com numerosas características superficiais de uma certa sociedade. Os comportamentos inesperados e provocantes, a vontade de chocar e ferir, abolição de tabus e o fim de preconceitos eram parte integrante da cultura pop.
O pop é uma manifestação cultural essencialmente ocidental, nascido no contexto de uma sociedade industrial capitalista e tecnológica. A valorização da trivialidade praticada em todos os planos. O Kitsch e as recordações, as imagens da industria de embalagem e dos bens de consumo, não se tornavam apenas o conteúdo da arte, o tema dominante das ciências sociais, iam entrar mesmo nas coleções e nos museus.
Os objetos do universo do consumo tornam-se símbolos de uma época, fazem história e parte de uma nova cultura de massa. A arte é tudo, como expressão de um estado pessoal e como de uma integração social.

DÉCADA DE 70
A moda dos anos 70 é difícil de ser definida, nunca foi tão discutida, tão controvertida. Usou-se de tudo, e os estilos variavam de estação para estação. O movimento hippie dos anos 60, com seu vestuário ecologicamente consciente e anticonformista exerceu uma influência indiscutível nos anos 70. Houve um grande revival na moda, buscando inspiração no passado, contudo com uma cara nova. Uma destas correntes foi o New Romantic, tendência que privilegiava as estampas florais, acabamentos em renda, chapéus de palha e uma série de acessórios com ares românticos da década de 1930.
O estilo Liberty (padronagens com mini flores) adornados com bordados eram usados tanto nas roupas como nas bolsas. As bolsas com armação de metal, e as de estilo envelope, usadas na década de 30, voltaram a ser usadas.


DÉCADA DE 80
A principal característica da década de 80 - os anos decontrastes - é a de desenvolver o vanguardismo na moda com a proporção de novidades ou a reciclagem atualizada de idéias nostálgicas. Os opostos começam a conviver em harmonia (caro x barato, masculino x feminino, simples x exagerado). Não existe mais uma única verdade de moda e sim várias realidades.
As roupas e os acessórios transformaram-se em uma bandeira: eles demonstravam o que se sentia. As propostas são múltiplas para que cada um faça a sua própria escolha.
Pela primeira vez, coexistiram várias tribos, como os punks, new waves, rappers, skinheads, góticos, heavy metal, todos estes exercendo influência na criação de roupas e acessórios.
A bolsa estilo sacola, já usadas na década passada, vinha de encontro as necessidades das mulheres que trabalhavam fora e que procuravam praticidade para carregar inúmeros objetos para o dia-a-dia como agenda, calculadora, maquiagem, entre outros.
A nova geração de mulheres que sai para trabalhar, começa a usar com mais freqüência a pasta executiva. As bolsas e os sapatos coordenavam entre si. O trabalho torna-se excessivo e junto com ele a febre do fitness. O corpo é moldado pelas academias de ginástica, e nunca se falou tanto em cultura do corpo como nesta década. Juntamente com essa nova tendência, havia preocupação dos praticantes de esportes em coordenar suas roupas de lycra com suas mochilas de naylon.


DÉCADA DE 90
A moda dos anos 90 põe-se de acordo com o novo “grito de guerra” o minimalismo.
Termo tirado da vanguarda artística dos anos 70, o minimalismo justifica a simplicidade levada ao extremo.
As bolsas com suas cores, inclusive as cítricas, vieram avivar as coleções minimalistas. Enquanto algumas radicalizavam com cores e estilos diferenciados, outras eram simples mais clássicas, usadas para um visual contínuo. Acompanhando o avanço da tecnologia as bolsas passaram a ter compartimentos mais funcionais como porta celular, cartões, caneta e porta chaves.
Nesta década os designers reconheceram o poder que os acessórios, principalmente as bolsas mantinham na concepção de um look. As mulheres passaram a comprar mais acessórios como sapatos e bolsas do que roupas.
A moda dos anos 90 tornou-se menos rigorosa em relação às regras de etiqueta.
Nos anos 90 adquiriu-se o caráter de misturas, absorvendo diversas referências vindo de distintas realidades.
As bolsas passaram a ser desenvolvidas com vários materiais e os modelos foram ficando cada vez mais diversificados.

PAUL POIRET – (1879 – 1944)
Conhecido como o Imperador da moda da Belle Époque, Paul Poiret nasceu em Paris em 1879 .
Era filho de um comerciante de tecidos. Desde a juventude, quando foi trabalhar em uma fábrica de guarda-chuvas, passou a se interessar pela moda e a vender seus desenhos de roupas.
Em 1906 Poiret provocou uma verdadeira revolução na moda. A grande inovação foi afrouxar a silhueta formal das mulheres, eliminando o espartilho e reduzindo o número de roupas íntimas.
Em 1910 a Companhia de Balés Russos esteve em Paris e após a apresentação de Shérazade, peça que exibia figurinos criados por Leon Bakst, uma onda de orientalismo invadiu a cidade.
Poiret incorporou a tendência e adotou características com cores fortes, tecidos brilhantes.
Poiret afirmou orgulhosamente que a magia do oriente fora descoberta por ele há muito, mais precisamente em 1897, numa glamourosa exposição de tapetes do armazém Lê Bom Marche, que leva ao rubro os excessos do oriente, depois dos Balés Russos prepararem o terreno.
As bolsas também foram influenciadas pelo orientalismo, retratadas através de bordados com cenas orientais. Em 1919, Paul Poiret, volta sua atenção para a criação de acessórios.
Brocados, rendas, couros ornamentais, peles e inúmeras combinações foram usadas com suporte de madrepérola, marfim, prata e ouro, criando uma impressionante coleção de bolsas no começo do século XX.


CHANEL - (1883-1971)
Gabrielle Chanel nasceu em Saumur (interior da França), em 19 de agosto de 1883.
Sua fama no mundo da moda começou em 1909, já em Paris quando conheceu Etienne Balsan, um oficial da cavalaria francesa que a introduziu a um mundo de inúmeras festas, caçadas e corridas de cavalo. Quando abriu sua primeira loja em 1910, vendia chapéus.
Com o passar do tempo Chanel foi desenvolvendo novos estilos e produtos que se tornaram moda como o vestido chamisie (vestido inspirado nas camisas masculinas), calça boca de sino, tailleur, sapatos fechados na frente e abertos atrás, corte de cabelo estilo chanel, perfume, bijuterias e a eterna bolsa em matelasse de couro com alças em corrente dourada. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Mademoiselle Chanel como era chamada, fechou seu ateliê.
Ela acreditava que não era uma boa época para a moda. Em 1945, foi para a Suíça, voltando a Paris somente em 1954, ano em que retornou ao mundo da moda, reabrindo seu ateliê.
A clássica bolsa em matelasse, foi batizada de “2.55” (fevereiro de 1955), data de sua criação.

ELSA SCHIAPARELLI - (1890-1973)
Elsa Schiaparelli , nasceu em 10 de setembro de 1890 em Roma. Filha de uma família de intelectuais e aristocratas. Era famosa pelo estilo audacioso e por improvisar suas roupas.
Abriu sua primeira butique em sociedade com Gabrielle Picabia (Gaby), mulher do pintor francês Frances Picabia.

A sócia a apresentou a um grupo de amigos influentes no mundo das artes na França. Gaby trabalhava para Paul Poiret e usava roupas criadas por Schiaparelli o que acabou chamando a atenção do costureiro.
A influência de Poiret sobre o trabalho de Schiaparelli foi muito importante durante sua carreira na moda.
O trabalho de “Schiap” , como Paris a batizou, foi influenciado por pintores surrealistas como Salvador Dalí, Jean Cocteau, mas mesmo assim, ela não sacrificou a funcionalidade e a feminilidade em suas roupas e acessórios.
Gostava de cores fortes, zíperes e chapéus excêntricos. Seu processo de criação era de total liberdade.
Muitas vezes buscava inspiração em livros do Egito, na renascença italiana e nos circos. Salvador Dali desenhou seus bordados e ajudou a desenvolver uma bolsa com uma lâmpada interna em 1938.
No começo dos anos 30, auge de suas criações, Schiaparelli apresentou sua coleção inspirada no circo.
Acrobatas, elefantes, fizeram parte dos desenhos desta coleção, juntamente com bolsas em forma de balões.
Criou um modelo de bolsa em formato de concha que tocava música quando se abria.
Essa lendária criadora, será lembrada sobretudo sobre a influência das artes no processo criativo.

EMILIO PUCCI - (1914-1992)
mílio Pucci, nasceu em 29 de novembro de 1914 na cidade de Nápoles-Itália. Personalidade refinada, dotado de elegância natural, pertencia a uma das mais antigas e refinadas famílias da aristocracia italiana.
Pucci gostava de olhar as mulheres, aliás deve-se a uma de suas amigas sua entrada no mundo da moda.
Preocupado, com a própria imagem, Pucci já desenhava as peças de seu guarda-roupa pessoal.
Um dia ele ofereceu a uma amiga um traje de esqui que havia imaginado – uma calça comprida levemente justa acima dos sapatos com uma faixa de couro passando debaixo da sola do pé, um pulôver, uma camisa e por fim um casaco desenhado como uma parka com um capuz e um bolso na frente fechado com um zíper na cintura.
A fotógrafa Toni Frissell, que trabalhava para a revista Harper´s Bazaar , mostrou-se entusiasmada por aquele traje esportivo e sugeriu a Pucci que produzisse industrialmente suas idéias de roupas.
Pucci combinou simplicidade (combinação de cortes estudados com formas geométricas precisas), cor (concepção de tecidos exclusivos tanto para roupas como para acessórios) e por fim movimento (as roupas e acessórios, devem adaptar-se a ação e o comportamento de quem os usa).
Sexy em sua leveza e simplicidade, acompanhados de todo tipo de acessórios combinados (da bolsa ao guarda-chuva, do chapéu ao lenço, do cinto aos sapatos), os modelos de Pucci foram a partir de então fotografados em Lauren Bacall, Liz Taylor, Audrey Hepburn, Marilyn Monroe e Gina Lollobrigida.

MARY QUANT
Quant, estilista inglesa, começou sua carreira abrindo uma pequena boutique em Londres no ano de 1955, chamada Bazaar. Como não encontrava o tipo de vestuário que pretendia vender, ela começou a criar as suas próprias peças. Nos anos 60 a loja converteu-se num império internacional para o qual Mary Quant criou roupas, acessórios e produtos de cosméticos, tudo jovem e pouco complicado. A mini-saia que Mary Quant apresentara
em meados dos anos 60, teve um êxito estrondoso. Ela compartilhava com André Courrèges a invenção da mini-saia, muito embora ela própria atribuía sua origem as ruas. As primeiras bolsas desenvolvidas por Mary Quant, foram feitas nas cores preto e branco em PVC, decoradas com grandes manchas ou com seus famosos motivos em margaridas.
A flor de plástico com a qual Mary Quant enfeitou a sua moda Lolita, tornou-se final da década, um verdadeiro símbolo do direito à paz. Muitos jovens e adultos se sentiam atraídos pelo movimento Flower Power promovido pelos hippies. “Eu quero criar novas maneiras de fazer roupas com novos materiais juntamente com acessórios modernos que mudam conforme o estilo de vida das pessoas”.