8 de dez. de 2010

A DÉCADA DE 30


1930 – TEMPOS DE CRISE
Após uma década de euforia, a alegria dos “anos loucos” chegou ao fim com a crise de 1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou uma crise econômica mundial. Milionários ficaram pobres, bancos e empresas faliram e milhões de pessoas perderam seus empregos, em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir. Os anos 20, que havia destruído as formas femininas, os 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem ousadias, as saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram justos e retos, além de possuírem uma pequena capa ou bolero, muito usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser usados em vestidos de noite, como o algodão e a casimira, o corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas femininas como o novo foco de atenção. Os pesquisadores acham que foi a evolução dos trajes de banho a grande inspiração para tais roupas decotadas, a moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira-mar para passar períodos de férias. Seguindo as exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.
A mulher devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza de
Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres. Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, através de suas estrelas, como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas. Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta e os estilistas criaram pareôs estampados, maiôs e suéteres. Um acessório que se tornou moda foi os óculos escuros, eles eram usados pelos astros do cinema/música.
Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou sua marca, que viria se transformar em um dos impérios do luxo italiano. Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos, sua principal invenção foi a palmilha compensada.
Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma série de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Seus modelos eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet. Como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher recorreu ao sutiã e a cinta ou espartilho flexível, as formas eram marcadas, porém naturais. Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas o seu surgimento foi pela butique, palavra então muito utilizada que significava “já pronto”.
Nas butiques surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons. Muitos estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para outros países. A guerra viria transformar a forma de se vestir e o comportamento de uma época. No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que estourou na Europa em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com uma abertura lateral, para facilitar o uso de bicicletas.

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